sexta-feira, 16 de maio de 2008

José Maria


Personagens envoltos entre a overdose de informação, a fartura, o inchaço populacional, as relações superficiais, a miséria e as injustiças da cidade grande (Paris), em contraponto à tranqüilidade prosaica do campo (interior de Portugal), com sua rusticidade, lentidão, beleza e ...misérias e injustiças.

Seria alguma ficção de um autor pós-moderno descrevendo os dissabores dos nossos dias? Não. Apenas a pequena obra-prima A Cidade e as Serras, de José Maria Eça de Queiroz (1845-1900), editada pela primeira vez em 1901.

Um iluminado esse Eça.

De Jacinto só recebia raramente algumas linhas, escrevinhadas à pressa por entre o tumulto da Civilização. Depois, num Setembro muito quente, ao lidar da vindima, meu bom tio Afonso Fernandes morreu, tão quietamente, Deus seja louvado por esta graça, como se cala um passarinho ao fim do seu bem cantado e bem voado dia. Acabei pela aldeia a roupa do luto. A minha afilhada Joaninha casou na matança do porco. Andaram obras no nosso telhado. Voltei a Paris.
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