"Um dia o velho Ambir quis sentir suas criações. Arrotou e lançou o arroto no mundo para ser seu filho. O arroto girou vagaroso pelos ares, navegando no escuro e olhando as coisinhas mais quentes que pulsavam, vivas, lá embaixo. Viu, então, no meio da penumbra, uns seres maiores que se destacavam, imponentes.
Eram árvores esparsas. Desceu numa delas, entrou bem no cerne. Dali de dentro começou a provar o sentir-se das árvores (...)."
É a forma poderosa que Darcy Ribeiro narra o nascimento de Maíra, o deus filho de Deus, irmão do deus Micura.
Poderoso é esse romance da década de 1970, em plena ditadura, em que Darcy mostra em capítulos não lineares, a explosão quase silenciosa do encontro entre brancos, índios e mamelucos.
O Darcy não é indio nem branco. E não é deste mundo, é de vários mundos.
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