Em 1941 Érico Veríssimo fez uma viagem aos EUA por 3 meses. Resultou no interessantíssimo Gato Preto. Na viagem de navio, vai descrevendo com muito sarcasmo e até alguma simpatia os personagens que vão passando à sua frente. Vejam o trecho, se não é uma pequena obra-prima:
É esguia, branca, misteriosa e se parece com Greta Garbo. Passa os dias fechada no camarote com uma garrafa de uísque. (Informação do camareiro indiscreto).
À noite aparece no salão de festas, exibindo lindos vestidos decotados e uma postura majestosa. Não sei como se chama, nem de onde vem e para onde vai. Depois do show ou da sessão de cinema, enfurna-se no bar. Vários admiradores pagam-lhe champanha. Dizem-lhe galanteios ao ouvido. Fazem-lhe propostas atrevidas. Ela escuta tudo, impassível e empertigada, com um rosto sem paixão. Fala-se vagamente que ela ama o rapaz que come agulhas e que ambos se encontram depois das duas da madrugada, haja ou não luar.
Lá vai ela atravessando o salão, toda de branco, vaga como um véu, hierático como uma sacerdotisa. E a gente fica sem saber se ali há mistério ou apenas estupidez.
É esguia, branca, misteriosa e se parece com Greta Garbo. Passa os dias fechada no camarote com uma garrafa de uísque. (Informação do camareiro indiscreto).
À noite aparece no salão de festas, exibindo lindos vestidos decotados e uma postura majestosa. Não sei como se chama, nem de onde vem e para onde vai. Depois do show ou da sessão de cinema, enfurna-se no bar. Vários admiradores pagam-lhe champanha. Dizem-lhe galanteios ao ouvido. Fazem-lhe propostas atrevidas. Ela escuta tudo, impassível e empertigada, com um rosto sem paixão. Fala-se vagamente que ela ama o rapaz que come agulhas e que ambos se encontram depois das duas da madrugada, haja ou não luar.
Lá vai ela atravessando o salão, toda de branco, vaga como um véu, hierático como uma sacerdotisa. E a gente fica sem saber se ali há mistério ou apenas estupidez.
3 comentários:
A primeira impressão do livro me agradou.
Acho que vai ser meu próximo companheiro de tardes.
Engraçado, este livro ficou largado ás traças muitos anos na minha casa. Não sei porque, não dava nada por ele.
Bastou ler as primeiras páginas para cair de joelhos.
Eu havia postado 1956, mas na verdade é 1941 (já corrigi no texto). Devo ter confundido com a data da primeira publicação.
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